sexta-feira, 20 de maio de 2011

Já estamos mortos para o mundo

Entendo os suicidas. A morte vai chegar, pra que adiar? Podemos sim, ainda ter muitas alegrias, como tivemos. Podemos vir a ser algo de bom para o mundo (haha), para nós mesmos. Mas no geral, é apenas luta. Sofrimento. Cansaço. Eu os entendo, o que não quer dizer que tenha vontade de fazer. Aliás, vontade sim. Mas não determinação. Coragem.
Qual diferença fará a nós, após a morte, o que tivemos de bom? Sim, minha mente está se povoando de ideias ateias. Não sei mais. Acho que no final, nada disso daqui vai importar. É tudo muito errado, muito sem sentido. Não pode (sinto cada vez mais não) ter nada além. Então, se eu tiver uma vida imensamente maravilhosa, cheia de amor, riquezas, conquistas. No final, só nos serve nessa (na?) existência. Nesse punctum temporis. Tentando pensar no depois, no além: nada. NADA.
Que seja perene enquanto dure...
Que diferença faz, se eu morrer agora, ou daqui a 10 anos, ou 20, ou 50? Faz diferença no aqui. Mas não importa. Ser feliz AQUI, miserável AQUI. E no final, curioso, (a contrapartida agora, ela sempre vem) importa tudo. Porque estou sentindo, estou vivendo. O que tudo vai acabar um dia. Então, dá vontade de viver, sim, mas com o dedo apertando o foda-se.
Ah, mas o espiritual... Não, não posso ainda me considerar totalmente avessa à ideia do sobrenatural. Admito. Muitos dizem que agnósticos são ateus sem coragem de “sair do armário”. Pois que seja então. I don’t fucking care.
Sigo nessa luta interna...
E acho que não consegui transmitir o real pensamento disso tudo. A merda da “limitroficidade” da língua. Não do meu pensamento. Talvez da minha capacidade de transmiti-lo.
Ah, o título: explica-lo-ei melhor:
De antemão, antes mesmo de nosso corpo parar de funcionar, antes da morte fisiológica, da literal. Já estamos MORTOS. E por que? Porque VAI acontecer. É fato. A única certeza que temos. A cada respirada, a cada piscar de olhos, a cada segundo, morremos mais um pouco. Isso considerando o natural. Porque pode pairar sobre nossas cabeças uma morte extremamente agressiva. Um acidente. Daqueles cheios de sangue e tripas. E aí, acabou. De qualquer jeito, não importa. E, mais ainda: para todos que nos cercam, conhecidos ou não. Depois que nos formos, não fará diferença.
(Talvez unicamente para nossas mães. Para elas, sempre estaremos vivos. Sei por vivenciar a realidade da minha avó, após a morte por câncer de intestino do meu tio. Mas isso é outra história.)
Negócio que me parece que tudo é virtual. A existência é virtual. O real mesmo, o verdadeiro, somente a morte. Ela já existe dentro de nós. Só esperando sair. Ou fora, nos rondando. Em cima de nós. Só esperando entrar.

Um comentário:

  1. É, Ju. Ler esse seu texto logo agora que eu tinha um texto de Heidegger falando sobre Nietzsche e a morte de deus. Ainda tem gente que acredita em acaso. ;)

    Também sou agnóstica com um flerte com o sobrenatural.

    Falando em avós, sempre fez muito sentido uma coisa que a minha sempre disse: só leva da vida a própria vida que se viveu.

    bj**

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