terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Carmen Ignis

brinco com malabares de fogo
enquanto caminho por uma ruela divertida
ao mesmo tempo sortida em percalços e descalça de más intenções
cuja entrada fácil se fechou às minhas costas
o itinerário se estreita sem esquerda ou direita
a saída não há por ora
espero que apareça antes que me queime
espero antes, tropeçar
na trôpega realidade que relâmpagos cinéreos
violáceos ao longe
me faz apenas vislumbrar


Sobejando sentimentos. Drama? (muitas interrogações.)

Por fora, é lago. Espelho sob céu límpido, tépido e morto. Espelho entre árvores morosas. Mergulha-se, não se encontra fundo. Só lamaçal. Areia revolta. Breu. Observa-se o lago. O lago continua. Permanece. Quando se dá as costas, do lago, não emerge Monstro de Loch Ness. Emerge Criatura existente, amorfa, assustadora, indecifrável. Pungente. A Criatura, do lago, é assaz nociva. Cuidado. E, mesmo quando se olha, com a atenção que se tem ao admirar coisas belas, muitas vezes transpondo-as; mesmo quando se acostuma; mesmo quando se adora o lago como sua própria morada da alma; quando parece convidativo a um mergulho divertido... A Criatura surge. Dá bote. Melhor deixar o lago entregue à sua própria quietude. E inquietude.

Destruindo o título: uma coisa que reparei? Ninguém é fácil.
Outra coisa que reparei. Talvez o problema seja eu (restaurando - em parte - o título).