terça-feira, 7 de junho de 2011

Pavlov e Schrödinger, seus lindos

Vindo eu para o trabalho hoje, com aquele sono gostoso e torturante (por não poder de fato deitar e morrer dormir), pensando mais uma vez em relacionar duas teorias científicas (uma behaviorista e uma do campo da física). E digo ‘pensando mais uma vez’ porque tenho o costume de aproveitar minhas viagens infinitas de ida e volta ao trabalho para ouvir música, ler livros e pensar toda a sorte de absurdos e nonsenses.
(Conclui-se então que teorias científicas são absurdos e nonsenses... Mas isso é outra história.)
Então exatamente hoje, achei por bem voltar a essa reflexão. Mas primeiro direi como me ocorreu a ideia, uns dias atrás: estava eu pensando nos animais, nas ciências, em física, em sociologia, em psicologia e disse isso tudo na verdade porque não consigo definir exatamente o que estava eu pensando, mas acho que um pouco de tudo, ou na verdade, tudo junto e misturado, não sendo possível desamalgamar e por conseguinte definir coisa alguma.
E lembrei das duas teorias científicas cujos criadores utilizaram animais para justificar-se:
os cães de Pavlov e o gato de Schrödinger. Como relacioná-las? Na verdade, por que eu pensei em relacioná-las? Não sei. Mas boa ariana com ascendente em touro que sou, não desisto fácil das coisas, quando efetivamente estimulada.
E hoje me veio a epifania. Existem fatos em nossas vidas, o tempo todo, relacionando as duas teorias, e assim, corroborando-as! E o que é melhor, é tudo incrivelmente nonsense!
Partindo então do princípio que meus ausentes leitores saibam do que se trata as ditas teorias, desenrolarei então os exemplos muitos que pensei, explicando:
Um: quando estamos ouvindo música. E ouvimos certos sons na música que cremos ser do nosso celular tocando, ou de alheios, ou buzinas, ou a campainha. Por uma fração de segundos, a realidade para nós é de que realmente se trata de outro som, e essa sensação nos causa extrema estranheza (particularmente eu gosto). Então, por uma fração de segundos, mesmo que a gente não se dê conta (nós realmente não nos damos) o som é um gato de Schrödinger. Pode ser tanto uma coisa quanto outra. E realmente pode! Porque quando voltamos do estado dito naqueles segundos (ou fração de), em que acreditamos ser o som externo, na verdade ficamos na dúvida. E tiramos o fone, ou abaixamos o som para ouvir. E aí sim, comprovamos externamente o que é o som que ouvimos (então tem uma certa adaptação da teoria aí: como pode ser inúmeras coisas, não há simplesmente 50% de chance, as porcentagens diminuem. E aí começamos a mexer com probabilidade, melhor deixar quieto). Agora: por que fazemos isso? Por que acreditamos ser outro som que ouvimos, além da música? Porque vivemos num mundo em que nos condicionamos a isso. Pessoas existem, logo carros, e buzinas, e celulares. E campainhas. Então achamos, claro, que esse som estranho vem de algum ponto do nosso mundo. Porque vivemos nele e já assimilamos os sons possíveis e tal.
Outro exemplo: quando vamos pegar uma garrafa de água: nossa experiência de mundo nos ensinou que garrafas ou qualquer recipiente, quando cheio, pesa. E, por acreditarmos que certa garrafa ou recipiente se encontra cheio, o pegamos com a dose certa de força. E aí entra o gato: ela pode (ou não) estar cheia! Ao mesmo tempo ela está cheia e vazia (e não nos damos conta disso... É, isso talvez seja um pequeno lapso dessa minha tese: na experiência do gato, obviamente Schrödinger sabia das chances, ele próprio as fez... Mas o fato de não sabermos disso, ou seja, de ser inconsciente, como quero crer, talvez não omita a beleza da coisa). Desprendemos mais força que o necessário para levantar a garrafa vazia... Aí acontece aquela sensação que dura (fração de) segundos, em que nossa realidade foi violentamente frustrada.
Outro: quando estamos num quarto que nos é familiar, no escuro. Sabemos onde as coisas estão posicionadas... Por aí vai.
Outro: quando vemos alguém na rua e JURAMOS que é alguém que conhecemos. Aí quando vamos ver, não é... Ou é...
Outro: quando vamos comer um bolo, por exemplo, visualmente IDÊNTICO ao de cenoura com cobertura de chocolate (e mais, adido o fato de que alguém nos disse ser de cenoura com cobertura de chocolate). Quando mordemos, e na verdade é salgado, de abóbora e com cobertura de feijão (tá ninguém, faria isso... Ou sim, eu gosto de crer que sim)...
E por aí vai, tudo ao nosso redor está arranjado, iludindo a torto e a direito nossos cinco sentidos.
(Acho essas experiências que descrevi acima dopantes da nossa realidade por demais... E assim, distorcedoras... Como drogas induzidas inconscientemente.)

E tudo isso rende uma boa metáfora: somos todos cães rodeados por gatos...
Quem disse que ciência e poesia não podem se inspirar?

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