segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sobre a nobre arte de escrever

Vamos ver se sai alguma coisa que preste... Digo isso, porque me creio bem enferrujada na antiquíssima arte de grafar numa base símbolos (com seus significantes e significados) que possui minha língua nativa e que meu processo cognitivo me propicia a entendê-los e fazer-me entender por outros que compartilham da minha língua-mãe - Escrever . Eu, que fiz Letras, sou indagada por Deus e o mundo se escrevo. E digo (com vergonhas internas, não sei se justificadas... Quem faz Letras TEM que escrever?) que não... Bom, até essa feliz ideia de finalmente ter um blog. Porque eu já havia pensado nisso, mas nunca tive a coragem (sim, exatamente isso) de pegar, sentar e começar a escrever pra valer. Na verdade, tenho até uns contos meio toscos que escrevi faz alguns anos... Que infelizmente, acho que os perdi. Se eu os encontrar, postarei aqui, porque, modéstia à parte, ficaram muito bons (apesar de toscos). É difícil alguém chegar e dizer isso... MEU TEXTO É BOM. É o que vejo por aí. As pessoas são incrivelmente modestas, fazem de um tudo para explicar, justificar o seu texto. Bom, eu mesma era assim. Agora, taco um foda-se. Quem quiser ler, e se identificar, ou achar só mediano, ou bom, ou excelente, ou uma merda, paciência... Sinceramente acho que esse texto agora, está muito ruim. Vim aqui para escrever algo significativo, algo frutífero... Mas não sei. Escrever (algo que preste) não é fácil. Mas, se pararmos pra pensar, escrevemos o tempo todo. Metaforicamente falando, claro, mas sim, escrevemos. Na verdade, terminamos de escrever o que outrem começou. Quando lemos (coisa que fazemos, creio-nos pessoas letradas que vem aqui ler minhas débeis linhas...), estamos construindo o texto junto com o escritor. O escritor, sem o leitor, não escreveu nada. É uma ponte intrínseca, peça-chave fundamental do escrever. Se escrevo um belíssimo poema, como já o fez Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Carlos Drummond (os utilizo como exemplo por serem fáceis de lembrar aqui e agora, pois dentre os tipo de texto, poesia é meu menos preferido, então, por conseguinte, minha lista de poetas é ridiculamente ínfima), e sim, estou me comparando a eles; se eles, eu, você que escreve um poema, e o guarda no fundo de uma gaveta, você realmente escreveu? Escreveu? Sim, cruamente, colocou símbolos com algum significado pra você no papel (ou qualquer outro suporte). Mas... What's the point? Acho que até é válido escrever, e após um longo tempo, você mesmo ler de novo o que escreveu. Eu aliás, tenho diários, longos escritos, na minha fase de passagem da infância pra adolescência. É tão estranho lê-los hoje... Hoje me dizem muito, mas muito mesmo. Um novo diálogo comigo mesma. Mas, voltando... Escrever e esconder, ou jogar fora, estamos poupando outras pessoas de de repente, se encantar, ou ter ideias, com o que escrevemos, mesmo se achamos que se trata de uma bela porcaria... Então, é preciso comunicá-lo, levá-lo ao entendimento de outra mente pensante (configura-se aqui o leitor), para enfim, um texto nascer. Um texto nada mais é do que uma parede construída faltando tijolos, que serão colocados por vocês, leitores. (metáfora usada pelo meu professor de Lit. Bras. VI, no primeiro período da faculdade, que nunca mais esqueci). Estancando agora  minha linha de pensamento, e mudando (ou voltando) o rumo desse texto, aqui vejo o quanto escrever se equipara a tantas coisas que prescindem de prática. Andar de bicicleta, tocar um instrumento, beber, amar... Estou escrevendo, mas sinto meus dedos e minha mente um tanto confusos, desengonçados. Com o tempo, escrevendo mais, sei que poderei tornar-me um às da literatura! (risos). Aproveitando o ensejo (e mudando o rumo novamente... Minha mente não consegue focar muito tempo num ponto), falarei da metáfora. Estava lendo sobre isso num outro blog, e também é uma questão que sempre anda comigo, a incrível formação, o processo de formação da metáfora (e de tantas outras figuras de linguagem... sou aficcionada nelas, acho fantástico!). Sabe, acho que isso vai dar pano pra manga (com o perdão dessa última metáfora)... Então, como quem começou a escrever sem saber o que escrever, até que me estendi por demais... Para não ficar enfadonho e espantar ou pouquíssimos leitores que tenho no momento, acho melhor postar somente (risos) isso. A metáfora fica pra próxima. Nossa, como meu poder de síntese (e de foco) é quase nulo... Preciso trabalhar isso. Ou não! Talvez esteja inaugurando um novo estilo de escrita, só meu... Por que não? Um belo dia alguém irá dizer sobre mim: "...blá blá blá, Juliana, cujo estilo se baseava na prolixidade, mudança constante de foco e uso excessivo de parênteses, reticências e metáforas..." Acho que, no fundo, tenho mais a escrever do que eu outrora imaginava...

2 comentários:

  1. hahahahaah

    Está engraçadíssimo esse texto, Ju!

    E parafraseando a minha professora de literatura portuguesa deste semestre hoje, que por sua vez estava parafraseando outra professora, que por sua vez estava dialogando com Umberto Eco a respeito da 'obra aberta' (ufa!):

    A obra é aberta, mas não é escancarada.

    Ainda bem.

    rs

    beijos, querida!

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  2. eu tbm escrevo assim.
    só que escrevo. releio. apago. rs
    e sempre acho tudo uma porcaria.
    não sei como tive coragem de começar um blog e escrever nele de vez em quando.
    vc escreve bonito, pelo menos. eu só escrevo bobagens e escrevo como penso/falo.
    vergonha de dizer que já fiz letras! hahaha

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Loqueris!