sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Tem pano pra manga aí?

No meu post sobre as Carmina Burana, falei que voltaria a vários assuntos, que creio eu, vou esquecer de falar. Prometo a vocês, meus três leitores, que farei um esforço em prol de não olvidar. Afinal, a vida de vocês não seria a mesma sem meus preciosos e magníficos textos (ah, esqueci, esse post não é sobre ironia...).  Anteriormente, disse que ia falar sobre certa figura de linguagem, a dona metáfora... Ela "figura" (com trocadilho, por favor) aqui então. E vou escrever sem colar, só na malandragem (porque todos nós sabemos que pesquisamos a lot pra escrever bonito né). Bom, começando pela etimologia (prato cheio pra mim> primeria metáfora hein!), metáfora significa "mudança de lugar" (meta> mudança; fora, forum> lugar). Então quando processamos cognitivamente essa figura de linguagem, nada mais fazemos que estar mudando de lugar um certo vocábulo-ideia. Quando digo "seus olhos são estrelas na noite ardente", percebe-se que fizemos relação entre duas coisas que aparentemente não tem relação nenhuma. Mas "forçamos" essa relação, por acharmos semelhança. Então, tcharam! Mudamos o "uso usual" (não achei nada melhor do que essa redundância absurda: licença poética, ok?) tanto de "olhos" quanto de "estrelas". E com isso, formamos uma nova ideia, só possível pelas semelhanças que vimos! Em "noite ardente" temos sinestesia, outra figura de linguagem que, ao meu ver, forçando um pouco a barra, também é um tipo de metáfora (etimologia: syn> ao mesmo tempo; estetis> sensação. Quanto ao stetis não tenho certeza, mas quase. O nome pra essa figura de linguagem veio de uma certa condição que acomete certos humanos, mas pra mim, na real, o que ocorre é que esses humanos tomam ácido e a Medicina acredita mesmo que eles ouviram um vermelho-berrante. Brincadeira, creio na existência de pessoas sinestéticas). Voltando à metáfora propriamente, ela às vezes é algo bem particular. Se dizem que "sicrano é um cão" só entendemos se bem explicado por quem fez tal relação... Podemos apenas supor, baseado na ideia que temos de cão. Um animal, de quatro patas, que late, baba, copula com qualquer cadela no cio... Mas não sabemos ao certo o que quis dizer a pessoa que disse, que aspecto canino ela quis salientar... E muitas outras figuras de linguagem, são na verdade, também metáfora. Vejamos a metonímia, que pela etimologia, nos indica também uma mudança. Mudamos um nome com seu "uso usual" pra outro. Quando dizemos bebi um copo de cerveja (primeiro exemplo que me veio à mente; hoje é sexta e estou aqui escrevendo isso e não estou bebendo cerveja...), não pegamos o copinho de vidro (o melhor pra cerveja, né) e enfiamos guela abaixo. Trocamos o conteúdo pelo continente, para haver um melhor entendimento. E já é algo natural para nós. Todos entendem que o que bebemos foi a cerva, e não o copo (mas sempre tem um engraçadinho, geralmente que fez Letras ou entende do bordado, pra fazer comentários do tipo: cuidado, vai se machucar "bebendo" o copo!). Outro exemplo, o "neguinho". "Neguinho entra na net e fala um monte de merda" (monte de merda, outra metáfora...). Em algum momento, alguém apropriou-se do diminutivo de negro, tascou uma apócope (acho que é esse o nome. Não estou pesquisando NADA aqui), e transformou em neguinho, pra indicar qualquer ser humano. Então, usou uma raça específica pra representar todo e qualquer ser humano de qualquer raça. Mais um exemplo: "andei meio sumido". Estamos usando o verbo andar, que, por ser uma ação elementar ao ser humano, cai como uma luva  pra indicar que vivemos de tal modo (cai como uma luva, uma metáfora composta de expressão inteira... Que linda! E o "como" aí, parte integrante de outra figura de linguagem, mas essa muito pobrezinha, nem vale muito a pena falar dela, a comparação... Muito trivial). Então, tomamos essa ação básica inerente a todo humano, em detrimento de todas as outras... Eu poderia ficar aqui eternamente dando exemplos. ADORO!! "Metaforizamos" como respiramos. All the time. Atentemos agora para a catacrese. Essa ganhou um nome feio, e lamento, não sei a etimologia agora. Braço da poltrona, batata da perna, dente de alho... Na verdade, a catacrese é uma metáfora que deu tão certo que cristalizou-se. Ninguém usa mais nenhuma outra analogia pra essas específicas, aquela parte da poltrona, o desmembramento da cabeça de alho (olha aí). Dá pra perceber que uma tênue linha separa cada uma dessas figuras de linguagem. No fundo, é tudo a mesma boa e velha metáfora. Uns sabidões aí que inventaram de dividir. Tudo farinha do mesmo saco! (ops, outra metáfora). Assunto que dá pano pra manga esse...Ops, outra metáfora...

4 comentários:

  1. Correção (como eu já esperaria qdo lesse de novo mais desperta): O fenômeno de supressão de letra no interior do vocábulo é síncope, nao apócope, este ocorre no final dos vocábulos...aff. Que minha outrora professora de Sociolinguística não veja isso. Outra coisa que é bem curioso: Neguinho já está virando pronome indefinido... hahaha!! Já estou até vendo a gramática do futuro com isso! Pronomes indefinidos: Alguém, ninguém, outrem, neguinho... hahaha!!

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  2. As figuras de linguagem são o que há de melhor na linguagem, na minha opinião.

    Tenho um fraco pela sinestesia (desconfio que sou uma pessoa sinestésica) e pelas hipérboles. E sim, de fato, a metáfora é uma mãe generosa de muitos filhos...

    Faz também um post sobre as figuras de estilo, honey!

    Beijinhos!

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  3. Adorei! Por que não me ensinaram assim na escola? Eu teria matado menos aulas! (Foi outra metáfora?)

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  4. E eu achando que tava livre de figuras de linguagem no feriado! hahaha Só vc mesmo...
    Tive uma aula disso essa semana.. mereço um descanso de metáforas e metonímias.rs

    E eu falei que tenho vergonha de dizer que fiz letras pq eu não escrevo bem e nem gosto de escrever, não sei gramática (tenho uma preguiiiiiiça), não sei pontuar e morro de medo de alguém me pedir pra explicar alguma coisa só pq eu fiz letras. rs
    Enfim, tenho vergonha de dizer que fiz letras só pq eu não tenho o perfil de alguém que fez letras! hahaha Um desastre.
    Não to cuspindo no prato, chérie.

    E outra coisa... eu sempre gostei de vampiros, mas só agora que eu assumi o vício. Então, ainda to meio por fora de algumas coisas... E como as séries são muuuito longas, leva um certo tempo pra conseguir conhecer outras coisas. Mas o que vc falou já ta anotado. Vou procurar em breve. (assim que vier a fatura do cartão e eu ver quando posso comprar mais livros! hahaha)

    Aquele "moço simpático" da foto é o Alcide de True Blood. Não me pergunta o nome do ator pq eu não tenho a menor ideia! hahahah
    Só sei que ele rouba a cena, sabe? (*suspiro*)
    E no livro é melhor ainda! (muito, muito melhor, quero dizer)

    E por último... nem o Tom Cruise me convence como Lestat. O Brad Pitt como Louis colou. Mas o Lestat é mais.. eu não sei nem explicar...
    Ufa! Chega, neah? heheheh
    Beijossss

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Loqueris!